Entendendo um pouco
mais sobre currículo
O currículo possui
caráter histórico, pois está sempre em determinado tempo e espaço e tem caráter
social porque depende da sociedade.
Ele se faz formal
(legislação) porque se apresenta escrito, mas se faz acontecer nos atos
curriculares, presentes no cotidiano.
O currículo é um
artefato cultural, porque tem valores da sociedade. Por isso, alguns autores
colocam currículo como cultura escolar. O cotidiano da escola possui
rotina/ritos e pontos de fuga que interligam as regras aos atos curriculares.
Mas, o maior desafio
do estudo sobre currículo é: até que ponto o planejamento docente abrange os
atos curriculares?
Para isso,
inicialmente devemos ter uma reflexão da ação (práxis).
A partir do momento
que começamos a nos preocupar com currículo, ele passa a ter mais significado
aos alunos, porque ele é feito com o outro. Nós, professores e alunos, somos
sujeitos do currículo.
Sabendo disso começamos
a refletir: qual é o papel da escola? Pois, currículo é a mediação entre a
sociedade e a escola. E o que ele faz com as pessoas? Ele forma?
Pensando nessa
pergunta o currículo tem uma grande responsabilidade. Por isso, ele é práxis.
Temos sempre que refletir para saber que reação teremos.
Entretanto, devemos
entender os riscos, saber como trabalhar, caso contrário, tomaremos o currículo
como forma de adestrar/domesticar o aluno que é sujeito.
Percebemos, dessa
maneira, a importância de se discutir e aprender mais sobre currículo. Nós
estamos no movimento do currículo muitas vezes sem entender. E currículo é
movimento vivido. Muitas vezes sem entender o seu verdadeiro sentido, nos
deparamos com uma ideologia que mascara a realidade.
Temos ideologias muitas
vezes impostas pelo sistema ao qual estamos vinculados, mas precisamos perceber
que toda imposição de currículo gera resistência e é nessa que surge o novo. Mas
para de fato fazer valer a práxis, é necessário que vivamos uma dialética.
Currículo como
movimento dialético é negociação porque fazemos isso com o aluno tempo todo. E
dessa negociação, a partir do que trazemos pronto, surge uma nova proposta.
Isso é dialética.
Para compreender um
pouco mais sobre o que “dialetiza” o currículo temos:
v Individual x Coletivo: trabalhamos para o coletivo, mas
cada pessoa reage de uma forma (individualidades).
v Teoria x Prática: ora trabalhamos mais no caráter teórico
ora na prática, sempre renascendo uma nova proposta.
v Universal x Particular: trabalhamos conceitos do mundo
todo ou apenas aspectos locais, podendo fazer comparações e modificações.
v Permanente x Provisório: muitas ações de curto prazo
podem ficar permanentes na formação de um currículo pré-existente.
v Ordem x Desordem: por si próprio já se explica.
v Ciências x Artes x Senso comum (que é o ato curricular na
prática): serão complementos ou contradições?
E é através de
tentativas com acertos e erros, na errância, que é o movimento da dialética,
que podemos traçar novos caminhos para o currículo.
Não podemos mais deixar
que nossas escolas continuem no caminho do sistema capitalista (quem não sabe,
sai sem saber), porque o currículo deve fornecer meios para que o sujeito
modifique sua vida fora da escola.
Para isto, devemos
entender o aluno como verdadeiro integrante, como sujeito do currículo e voltar
nossa atenção aos seus valores e a sociedade onde está inserido para que
verdadeiramente o que ensinamos tenha significado e dessa forma consigamos
formá-los cidadãos de bem e que sejam multiplicadores e interventivos em seu
meio de convívio social.
E você? Preocupa-se
com os atos curriculares que podem provocar uma dialética no currículo?
Espero que possamos
discutir ainda mais para que esse ciclo sempre se renove...
Os atos curriculares não provocam dialética no currículo. A dialeticidade está no bojo de um currículo traduzido em experiência e significados. Parabéns pela reflexão...
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